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quarta-feira, 24 de março de 2010

A media da maldade

Para quem já está se perguntando, será que ele tirou esse título daquela música? A resposta é sim, do trecho de "Há Tempos" do Legião Urbana.

"...e há tempos nem os santos têm ao certo a medida da maldade...".


Essa afirmação é verdadeira para mim. Até que ponto chega a maldade humana? Poderia postar inúmeras coisas ruins, mas achei melhor não colocar aqui, afinal, isso já passa exaustivamente nos programas sensacionalistas de tv. Posso mencionar pedofília, escravidão, caso Nardoni, torturas, maus tratos a animais e por ai vai. Mas e aquele ditado? "a maldade está nos olhos de quem ve". Se pensarmos bem, séculos atrás, a escravidão era uma coisa normal. Quem sabe no futuro alguma coisa, que hoje fazemos com "naturalidade", seja um crime daqui a algumas décadas. Como esquecer a luz do quarto acesa ou deixar a torneira ligada enquanto escova os dentes. Isso poderia matar gente! Espero que não!(batendo na madeira)
























Poderia escrever sobre experiências próprias de casos de violência, afinal moro no Brasil!! No entanto, achei melhor falar sobre filmes ou outras mídias que falam de maldade, o que é mais interessante. Quando era criança tinha um anime (para variar desenhos japoneses na minha época eram super violentos) Yu Yu Hakusho. Em um episódio em particular eles falavam da existência de uma fita vhs (coisa do século passado). Nela continha todas as maldades humanas. É claro que no desenho não mostrava o conteúdo da fita, apenas umas sombras fazendo o que parecia ser tortura. Na época ficava imaginando o que poderia ter na fita.

Sobre os dois filmes da foto. Vou falar primeiro de "Seven - Os sete pecados capitais". Assisti quando era bem novo, tanto que fiquei impressionado com filme. Durante semanas pensei nas vítimas e em como o assassino foi engenhoso e ao mesmo tempo cruel. Acho que daí comecei a me interessar pelos filmes do Hitchcock e do Tarantino. Mas ai é outro tópico, que estava para escrever, nos filmes do Tarantino a violência não vem sozinha. Vem acompanhada da Vingança, a maldade justificada. O outro filme é o "8mm", que assisti esses dias. Por coincidência, quando fiz 16 anos, o 8mm estava em cartaz no cinema com a classificação etária para 16 anos. Marquei esse filme por isso e na época nem cheguei a ver. Nele, retrata o submundo da pornográfia e sobre a produção de filmes mortais. Afinal, sadomazoquismo também tem maldade.

Mais tarde já com vinte e poucos anos cheguei a assistir filmes de maus-tratos a animais, filmes vegetarianos e voltei a me perguntar até que ponto chega a maldade humana? E até que ponto chegará? Seria melhor torna-la explícita ou esconde-la?
















Bolinhos de Bebê

Alguns anos atrás, todos os animais foram embora. Acordamos uma manhã e eles simplesmente não estavam mais lá. Nem mesmo nos deixaram um bilhete ou disseram adeus. Nunca conseguimos saber ao certo para onde foram. Sentimos sua falta.

Alguns de nós pensaram que o mundo tinha se acabado, mas não tinha. Só que não havia mais animais. Não havia gatos ou coelhos, cachorros ou baleias, não havia peixes nos mares, nem pássaros nos céus. Estávamos sós. Não sabíamos o que fazer.

Vagamos por aí, perdidos por um tempo, e então alguém observou que, só porque não tínhamos mais animais, não havia motivo para mudar nossas vidas. Não havia razão para mudar nossa dieta ou parar de testar produtos que podem nos fazer mal.

Afinal de contas, ainda havia os bebês.

Bebês não falam. Mal podem se mexer. O bebê não é uma criatura racional, pensante. Fizemos bebês. E os usamos. Alguns deles, comemos. Carne de bebê é tenra e suculenta. Esfolamos suas peles e nos enfeitamos com elas. Couro de bebê é macio e confortável.

Alguns deles, usamos em testes. Mantínhamos seus olhos abertos com fitas adesivas e pingávamos detergentes e shampoos neles, uma gota de cada vez. Nós os marcamos e os escaldamos. Nós os queimamos. Nós os prendemos com braçadeiras e plantamos eletrodos em seus cérebros. Enxertamos, congelamos e irradiamos. Os bebês respiravam nossa fumaça e, na veias dos bebês, fluiam nossos
remédios e drogas, até eles pararem de respirar ou até o sangue deles não correr mais.

Era duro, é claro, mas necessário. Ninguém podia negar isso. Com a partida dos animais, o que mais podíamos fazer?
Algumas pessoas reclamaram, claro. Mas elas sempre fazem isso.
E tudo voltou ao normal.

Só que...
Ontem, todos os bebês se foram. Não sabemos para onde. Nem mesmo os vimos partir. Não sabemos o que vamos fazer sem eles. Mas pensaremos em algo. Humanos são espertos. É o que nos faz superiores aos animais e aos bebês. Vamos bolar alguma coisa.

(Neil Gaiman, extraído de Fumaça e Espelhos: contos e ilusões, Ed. Via Lettera)





















Canção: Pearl Jam - Do the evolution

3 comentários :

  1. Não tem nada aver com o texto rs. Essas imagens que você coloca no post fica tudo zoneado mas fica da hora! Haha muito bom, Jeff Style.

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  2. nossa que foda esse texto... realmente impressionante! oO'
    apesar que acho que é na korea que comem fetos! meo deos... onde é que o mundo vai parar?

    e 8mm é um filme realmente foda... eu amo esse filme! *-*

    :*

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  3. parabens , gostei do teu texto..
    você falou de uma coisa que tá na minha cabeça há tempos.. quem sabe eu tb escrevo algo do tipo.
    a maldade humana chega ser terrivelmente absurda e assustadora, não entra e nem nunca vai entrar na minha cabeça como o ser humano é capaz de fazer certas coisas... é simplesmente inaceitavel...


    to te seguindo aqui
    ;*

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